A Rádio Internacional da China (CRI), que já assegura seis horas
diárias de emissão de uma estação dos arredores de Lisboa, projecta
abrir também um estúdio em Portugal, revelou à agência Lusa um
responsável da CRI. “A CRI tem esse plano, mas não foi definido quando
começa. Talvez em 2013″, disse a chefe da secção portuguesa da estação,
Catarina Wu.
O estúdio servirá para apoiar a produção local, nomeadamente os
programas que desde há duas semanas são transmitidos pela Rádio Iris FM,
sediada em Samora Correia, no Ribatejo, onde se concentram dezenas de
armazéns chineses. Seis horas da programação diária daquela rádio,
dedicadas sobretudo à cultura e à economia chinesas, são asseguradas
pela secção portuguesa da CRI, num inédito acordo de cooperação e que
evidencia a crescente importância do português na China. Duas estações
brasileiras, Super Rádio de Brasília e a Rádio Guaia, já transmitem
diariamente um noticiário produzido por aquela secção, mas trata-se de
um serviço de apenas cinco minutos, indicou Catarina Wu.
O acordo com a Íris FM foi alcançado através da Global Times
Broadcasting, empresa com maioria de capitais chineses e sede na
Finlândia, cujo objectivo é “encorajar o diálogo entre a China e o
mundo”. Antes, as emissões da estação chinesa para Portugal resumiam-se a
meia hora por dia, em onda curta. “Temos o plano para aumentar as horas
de emissão na Íris FM, mas o número ainda não foi definido, e estamos a
procurar estabelecer acordos de cooperação com rádios brasileiras”,
disse Catarina Wu.
A Rádio Internacional da China, conhecida outrora como “Rádio
Pequim”, emite em cerca de 60 línguas. A secção portuguesa começou as
emissões em Abril de 1960, com o apoio de dois casais brasileiros:
Benedito e Lídia de Carvalho, e Carlos e Nair Frydman. “Na altura
ninguém falava português na China”, recordaria à agência Lusa Yao
Yuexiu, umas das primeiras locutoras da secção, oriunda do serviço em
espanhol. Além de Yao Yuexiu, que tinha então 20 anos, a secção contava
com outros profissionais chineses: Ma Anlu, transferida também do
serviço em espanhol, e o casal Li e Chen, que aprendeu português em
Macau.
Meio século depois, cerca de um mil estudantes frequentam cursos de
português em mais de uma dezena de universidades do país e na última
década, a China tornou-se um dos principais parceiros económicos de
Angola e do Brasil, os dois maiores países de língua portuguesa. A
secção portuguesa da CRI conta hoje com 18 jornalistas em Pequim, além
de dois correspondentes no Brasil e um representante na sede da estação
na América Latina, situada no Rio de Janeiro.
Fonte: Lusa
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