sábado, 19 de maio de 2012

Empresa de Coimbra é a única do país que ainda faz reparação de rádios antigos

Uma empresa de Coimbra apresenta-se como a única em Portugal a fazer reparação de rádios antigos, com o proprietário a associar a paixão por estes aparelhos do passado ao investimento no futuro, nomeadamente na iluminação LED. Na Luz Sólida – ex-Centro de Assistência Técnica a Rádios Antigos (CATRA), é feita a reparação destes aparelhos de som, com idades que remontem aos anos vinte do século passado. “É a única [no país] a funcionar como empresa na reparação de rádios antigos”, disse à agência Lusa Francisco Gomes, ao referir que assegura assistência técnica aos aparelhos concebidos a partir de 1928 e até aos anos setenta.

Largas centenas de aparelhos – rádios antigos, grafonolas, gramofones, gira-discos e gravadores – têm sido reparados pela equipa, formada actualmente por quatro técnicos, com uma taxa de sucesso da ordem dos 95%. Procurado por clientes de todo o país, o técnico, de 64 anos, recordou também o caso de um cidadão residente em Madrid, que viajou de comboio a fim de consertar o seu rádio na oficina de Coimbra. Alguns dos que recorrem à empresa são coleccionadores, mas o cliente habitual é o que deseja ver consertado o rádio antigo que tem valor afectivo. “Temos reparado peças únicas, na sua mecânica e apresentação”, disse Francisco Gomes. Para a reparação, a Luz Sólida (designação que substituiu a do CATRA a partir de Agosto de 2011) tem cerca de 28 mil válvulas em stock permanente e à volta de 500 rádios, que já não podem ser usados, para retirar peças.

Tentar perceber a complexa tecnologia de alguns rádios é um desafio que entusiasma o técnico, que, referindo-se aos valores das reparações, referiu que “cada aparelho tem o seu preço”. Francisco Gomes também comercializa rádios antigos. No estabelecimento aberto na Rua Carlos Seixas, podiam apreciar-se um Philco da década de trinta do século XX, designado por capela gótica devido ao formato da sua caixa de madeira, e um Wega de 1954, pesando 16 quilogramas. Tocando na loja numa destas manhãs, o Wega era a demonstração de que o antigo pode continuar a funcionar com eficiência e a surpreender pela sua sonoridade. “O som dos rádios antigos não tem nada a ver com o dos modernos. Têm sons definidos pelo impacto das madeiras, pela ressonância das caixas. A gente adora ouvir aquele tipo de som”, disse.

De acordo com o empresário, “neste momento há menos rádios para arranjar, não por haver menos rádios, mas pelas dificuldades sociais”. Em média, a empresa tem permanentemente cerca de 80 aparelhos para consertar. Fascinado por estes aparelhos do passado, Francisco Gomes está, contudo, apostado no futuro, disponibilizando na empresa mais de 400 variedades de lâmpadas LED, “a maior variedade” em Portugal.
“É o futuro da iluminação. O que nos [a empresa] define é a diferença”, frisou.

Fonte: Lusa

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